Para fazer com que os pais ajudassem na criação dos filhos, a natureza encontrou uma solução: reduziu a testosterona deles. Foi o que mostrou um estudo realizado pela Northwestern University (EUA), com dados de 624 homens das Filipinas. Os resultados foram publicados na revista científica “PNAS” e mostram que ser pai, especialmente de recém-nascidos, diminui em 30 o nível do hormônio masculino testosterona.

A testosterona está ligada a traços que contribuem para o acasalamento: musculatura, pelos, agressividade, libido e competitividade. Mas, de acordo com Lee Gettler, que chefiou a equipe responsável pelo estudo, “em algum ponto da nossa evolução, começamos a produzir crianças que eram muito dependentes por mais de dez anos”. Ou seja, as mães precisariam da ajuda dos pais para cuidar da prole. “Quando os homens têm os maiores níveis de cuidado com as crianças, eles têm o menor nível de testosterona, sugerindo que esse comportamento e o padrão fisiológico evoluíram lado a lado”, porque os homens nessa condição são mais sensíveis aos bebês.

A testosterona dos filipinos, com idade média de 22 anos, foi medida em 2005 e em 2009. Em 2005, 465 dos jovens eram solteiros sem filhos. Todos, em 2009, tiveram uma diminuição natural do hormônio no organismo devido à maior idade.

Mas aqueles que se casaram e tiveram filhos passaram por um declínio bem maior entre 2005 e 2009, de 26 na testosterona medida pela manhã e 34 na testosterona medida à noite. Os pais que cuidavam mais dos filhos, interagindo com a prole cerca de três horas por dia, tiveram ainda menos testosterona do que os pais que não participavam dos cuidados.